Sunday, November 05, 2006

...

Acordada ainda. Apesar de já serem mais de 5 da manhã. O motivo: algumas lembranças remexidas.

Vi hoje, pela segunda vez, o filme Closer, o qual eu não tinha gostado. Tenho esse costume – que considero bom - de rever filmes em que a minha opinião vai contra uma grande maioria. E, sim, sou obrigada a concordar que o filme é mesmo muito bom. Mas o que mesmo me incomodava tanto nele inicialmente? Talvez eu tentasse negar, mas tem uma cena do filme que lembra muito a minha primeira dor de amor.

Obviamente que a gente não esquece assim nossas decepções amorosas. Principalmente a primeira. No entanto, há alguns anos que não pensava nelas com tanto vigor. E, na verdade, não as choro como antigamente. Se a tristeza hoje vem forte, não é a mesma, com aquele significado que só o momento único dá. O amor ferido de então conseguiu – após um longo tempo, admito - apropriar-se unicamente das boas lembranças. Quais são as ondas revoltas, então, que trazem na espuma um pouco de melancolia ao coração? O sepulto da dor amorosa, no meu caso, nada teve a ver com aquilo de mim que deixei pra trás. Talvez a ferida que ainda está aberta seja por um certa identidade que foi-se embora sem as devidas despedidas. Choro hoje pela minha “versão” primeira, aquela que sonhava tanto, que podia tomar pra si todas as ilusões ao seu alcance sem o mesmo medo amargo dos sujeitos n vezes decepcionados.

A constatação não me faz negar o que sou hoje. Ou o que pelo menos acredito ser. Até porque, como negar o muito pouco que sei das minhas próprias verdades? Por ora, choradas as minhas pequenas chagas, deixo-as novamente quietinhas, mas nunca ignoradas. É possível ignorar parte do que nos constitui?

3 comments:

Anonymous said...

Qual dor, M.R.?

M.R. said...

qual dor? hummm... sinto que a pergunta era outra :p

Débora Cruz said...

"Closer" tem forte capacidade de provocar crises de consciência. Tenho até medo de assistir outra vez! Corajosa você...