Friday, August 24, 2007

...

Odeio a sensação de ser um farelo no meio de um monte de gente.
Uma massa que não te ignora, dá até pra dizer que todos te querem um pouco bem...
Foda mesmo é que, como diria Raul, "a gente nasceu pra querer" e hoje eu queria ser superlativo. Um "-ão" pra um alguém que fosse.

Tuesday, August 21, 2007

Do baú de memórias


Mazaaaa, viu só, Bia? não é só tu que tem fotinho nossa em Greenwich! :P
e a minha deve até tá valendo uma graninha, depois que "torrou" o Cutty Sark!

Wednesday, August 15, 2007

Novos Prazeres *

Foi durante uma pausa na criação de um dos seus mais famosos livros – "Admirável Mundo Novo" – que Aldous Huxley escreveu um ensaio sobre os costumes e as práticas de uma sociedade hedonista, a qual pôde observar em temporada na Riviera Francesa.
Huxley acreditava que, mesmo a ciência do século XIX tendo descoberto a técnica da descoberta e, com isso, chegando-se à era das invenções, ninguém conseguiu inventar um novo prazer. Para o autor, as modernas indústrias de prazer do seu tempo não ofereciam nada diferente ou melhor do que tinham os romanos ou egípcios. O cinema, o rádio, os espetáculos são todos proporcionados por aparatos modernos, o que não significa necessariamente que a diversão produto deles seja moderna. Huxley pensava que "tudo o que essas máquinas novas fazem é tornar acessível a um público maior o drama, a pantomima e a música que, desde tempos imemoriais, divertiam o lazer da humanidade". No entanto, na Riviera, esses prazeres mecanicamente reproduzidos não eram encorajados, pois, justamente por ser uma estação de prazer, ali o objetivo era fazer turistas gastarem o máximo de dinheiro possível em um mínimo espaço de tempo. Assim como nossos ancestrais, nesses lugares poderia ser tudo experimentado ao vivo, sem intermediações mecânicas: comer e beber demais, observar bailarinas semi-nuas, estimular o apetite sexual, dançar, jogar e observar os jogos. E, na Riviera, principalmente, o tradicional jogo de apostas. O autor considera que apostar é tão ou mais antigo que o dinheiro. "Tão antigo quanto a própria natureza humana, ou pelo menos tão antigo quanto o tédio, tão antigo quanto a ânsia por excitações artificiais e emoções fictícias."
Encerradas a lista de prazeres proporcionados pelas estações de diversão, fica a certeza de que todos esses prazeres, para aqueles que podem pagar por eles, estão mesmo é situados num certo campo emocional que Huxley definiu como complexo de prazer/dor do esnobismo. A "exclusividade" das diversões é capaz de dar incrível satisfação às pessoas. Mas o esnobismo também pode causar prazeres extraordinários, pois as pessoas gostam de sentir-se como "eleitos" e pensar no rebanho pobre e vulgar lá fora, impossibilitado de desfrutar dos prazeres para os quais apenas esses eleitos podem comprar ingressos.
Entretanto, é também o esnobismo uma forma muito antiga de prazer. O autor acreditava viver a era das invenções, mas não entendia como ninguém fora capaz de "pensar num modo inteiramente novo de estimular agradavelmente nossos sentidos ou evocar reações emocionais agradáveis". Até aquele momento, a tarefa dos "mercadores" do prazer era encontrar o que Huxley chama de Máximo Denominador Comum de diversão, ou seja, uma diversão pouco especializada. Com isso, os apelos de prazer tornam-se muito limitados, pois tentam atingir apenas o que há de comum e simples nas características humanas gerais, desconsiderando todas as idiossincrasias psicológicas.
Baseado em tudo isso, o grande desejo de Aldous Huxley era ser multimilionário para poder financiar um grupo de pesquisadores para procurar uma espécie de intoxicante ideal: "Se pudéssemos cheirar ou engolir algo que pudesse, durante cinco ou seis horas por dia, abolir nossa solidão como indivíduos, harmonizarmos com nossos semelhantes numa cálida exaltação de afeição e fazer a vida em todos os seus aspectos parecer não apenas digna de ser vivida, mas divinamente bela e importante, e se essa droga celestial, que transfigura o mundo, fosse de um tipo que pudéssemos acordar no dia seguinte de cabeça leve e físico ileso – então, parece-me, todos os nossos problemas (e não apenas o único pequenino problema de se descobrir um novo prazer) ficariam inteiramente resolvidos e a Terra se tornaria o paraíso".
Huxley termina o ensaio dizendo que a sensação mais próxima à experiência dessa droga – mas ainda infinitamente distante – seria a emoção da velocidade, essa sim produto da modernidade. Os homens sempre teriam gostado da velocidade, mas eram limitados pela capacidade do cavalo. Hoje, o automóvel é suficientemente pequeno e próximo do solo pra conseguir fornecer a velocidade inebriante que se conseguia com o cavalo a galope.

Apenas uma síntese do ensaio "Procura-se um novo prazer" publicado em uma coletânea – intitulada "Moksha" – de ensaios escritos por Aldous Huxley sobre psicotrópicos e experiências visionárias. O texto é de 1931. Minha pergunta é: hoje, há alguma mudança significativa no "mercado" de prazeres? Ou, mesmo com todo o aparato tecnológico, ainda vivemos apenas variações do mesmo tema?

* A falta de tempo e inspiração me fez querer repostar esse texto. Sorry... como na época em que puliquei o blog ainda não tinha muitos leitores (se tinha algum!), pode ser que agora alguém se interesse

Sunday, August 05, 2007

Lá lá lá

Há pouco mais de mês me rendi a ter um mp4 – que, aliás, quase foi levado dia desses, mas isso é outra história... Enfim, a questão é que, em função da nova aquisição, tenho me aproveitado pra ouvir muita coisa que não conhecia, rever outras tantas e ouvir incessantemente o que não me cansa de forma alguma.
Entre as maravilhas mais antigas, tenho que citar The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, do David Bowie, de 1972. O álbum foi considerado o melhor dos anos 70 pela Melody Maker, jornal britânico sobre música. É uma espécie de ópera rock, pois conta a história de um rockstar de outro planeta em visita à Terra – auge da fase glam rock do Bowie. Gosto bastante, particularmente, da primeira faixa, "Five Years", se é que dá para destacar uma só. Ah, e não poderia deixar de lembrar que é desse trabalho a música "Starman", que inspirou a versão "Astronauta de Mármore", do Nenhum de Nós.
Lá da infância veio a vontade de ouvir Raul Seixas. Um dos meus irmãos que eu mais gostava quando criança tocava muito Raulzito no violão. E eu, muito fã, ouvia tudo. Por isso que não me admira o fato de, mesmo depois de tanto tempo, eu saber de cor todas as letras: "... eu me lembro do dia em que você entrou num bode... quebrou minha vitrola e minha coleção de Pink Floyd..." (Tu és o MDC da Minha Vida). Bah, muito clássico!
E se eu tivesse que dizer uma música que eu nunca vou cansar de ouvir, essa música é "Shine on you crazy diamond" e todas as suas partes, do álbum Wish You Here, do Pink Floyd. Ô cançãozinha capaz de me fazer ir muito longe essa! Mas no terreno dos muito viajantes, dá pra dizer que o álbum Atom Heart Mother, também do Pink, é maravilhoso. Na verdade, sou sempre suspeita pra falar deles. Ah, quando lembro do que foi aquele show do Roger Waters em Porto Alegre em 2002...
Para finalizar, tenho baixado electroclash ("Fischerspooner" tá rolando direto no tal mp4), electrorock, indie e tantas outras cositas divertidas, lascivas e dançantes! :P

Wednesday, August 01, 2007

[lugar do título]

Sorry, mas um periodozinho de anti-sociabilidade quase crônica atingiu também o blog. Por uma semana eu fugi de quase todo tipo de convívio, inclusive virtual.
Tá, também faltou um pouco de assunto, admito. Férias da faculdade bem maomenos essas. Nem terminar algum livro eu consegui. Me entreguei novamente à vida de promiscuidade literária. Há mais de mês vago entre "Taras Bulba", do Gogol, e "The Picture of Dorian Gray", do Oscar Wilde. Sim, assim mesmo, em inglês, pra dar uma desenferrujada na leitura em outra língua. E por que eu tenho essa mania de fugir do método cartesiano, hein? Sempre querendo apostar que se pode ir do mais difícil ao mais fácil. Tá, já consegui, em três capítulos, perceber que o Dorian Gray é "o cara" e que dois caras querem comer ele. Fora isso, haja saco pra procurar toda hora no dicionário palavras do inglês arcaico. Enfim, um livro ótimo, de qualquer maneira, mas ainda me falta pique para terminar. O problema é que eu fico me coçando, cada vez que lembro todas as outras coisas que ainda faltam ler. Borges, eu tenho que ler Jorge Luis Borges. Tchekov, Caio Fernando Abreu, Raymond Chandler... Releituras... Sim, também tem um monte de coisa boa que eu li quando eu era uma pirralha e que quero ler de novo. "Insustentável Levez do Ser", do Kundera, "Apanhador no Campo de Centeio", do Salinger. Teminar alguns que não fui até o fim, como "O Vermelho e o Negro", do Sthendal, "Robinson Crusoé", do Daniel Dafoe. Esse, então, é um mistério. Eu consegui lê-lo por todo o momento em que Crusoé fica preso na ilha e achei muito monótono quando ele volta à civilização. Detalhe, a civilização é que se tornou uma xaropice e, não, tantos anos de reclusão na ilha até que Sexta-Feira aparecesse. Talvez meu eu anti-social tenha curtido o cenário!