Tuesday, February 13, 2007

Albergue espanhol

Há quase duas semanas, fui tentar ver "Babel". O "tentar ver" foi porque, no fim das contas, não consegui. O motivo deixa pra lá, não importa. O que importa é que, na volta da tentativa, passei na locadora para pegar um filme, pois não queria perder a tarde que tinha destinado para isso. Lá eu fiquei meio perdida no meio de tanta coisa que eu gostaria de ver, mas acabei ficando com "Albergue Espanhol". Um amigo meu que tá na Europa já tinha me dito que, por eu ter morado fora, deveria ver. Um resumão rápido: Xavier, um francês que precisa aprender espanhol para conseguir um emprego desejado, resolve participar de uma espécie de intercâmbio chamado Erasmus, conhecido entre os europeus. Deixa em Paris a namorada e a mãe hippie para morar temporariamente em Barcelona. Após passar uma temporada na casa de um casal francês, consegue uma vaga em um apartamento que é praticamente um "caldeirão cultural". O filme seria apenas uma boa comédia para o meio da tarde, não fosse eu encontrar ali, principalmente no Xavier, algumas semelhanças com os desvios de rota que minha vida tomou após um ano na Europa. Não é à toa que volta e meia o assunto Londres reaparece por aqui. É uma saudade sem fim... Não necessariamente dos fatos, não necessariamente das pessoas, dos lugares, mas principalmente de um universo de possibilidades que está por aí e há quem passe uma vida sem perceber. Não fosse ter tido esse tempo de amadurecimento e de contemplação, hoje eu provavelmente seria uma engenheira de materiais. Ou não, poderia ainda estar tentando me formar em engenharia de materiais. Às vezes fico curiosa em saber como teria sido se eu não tivesse aceitado ir... (o aceitado é porque, pra quem não sabe, eu fui por um convite, tudo pago pelo meu ex-namorado – até um certo ponto, pois a viagem de mochila veio do meu trabalho mesmo).
Admito que, antes, o meu comportamento era de um bairrismo impressionante. Não cogitava muito a idéia de sair de Porto Alegre pra botar o pé no mundo – a não ser em viagens de férias. Hoje, dói-me pensar que passo tempo demais presa por aqui. Agora, considero-me orgulhosamente cosmopolita – mas não em stricto sensu. Londres me ensinou a ser cosmopolita, o que não significa necessariamente que eu tenha que sair do lugar para me comportar como uma. Isso porque estou falando de um comportamento digno de um antropólogo, daquele que está aberto ao "outro", ao desconhecido, à novidade...
O filme, apesar de engraçado, causou um pequeno desconforto. Lembrou-me daquele sentimento que não gosto muito de remexer: o que poderia ter sido e não foi...

2 comments:

Bia said...

Ai, esse filme é ótimo mesmo. Só nao sei se vou querer vê-lo (pela terceira vez) quando voltar. Ver Barcelona só pela tevê vai ser frustrante.
Só nao te aconselho ver a sequencia: Bonequinhas Russas deixou a desejar

Bia said...

Ou é Bonecas Russas, sei lá.