Wednesday, January 03, 2007

Da minha mania de autosabotagem

Já faz mais de um ano que estou trabalhando no jornal. Estranho, ao mesmo tempo que parece ontem, tanta coisa tá diferente de como era e, principalmente, diferente de como imaginava – naquela época – do que seria de mim agora. Minha entrada no jornal foi uma espécie de ápice de uma mudança brusca de vida – o que não ocorria desde a volta de Londres. Uns seis meses depois da minha volta ao Brasil (maio de 2002), eu comecei a trabalhar no colégio da família da Adri (minha amiga-irmã) e, lá, fiquei por quase quatro anos. Então, no fim de 2005, como se já não bastasse o recém término de um namoro – que, na verdade, já estava pra acabar, mas sempre é doloroso e sempre me faz sentir meio perdida –, fui chamada para assumir uma vaga de estágio no jornal O Sul. Tive que sair às pressas do "meu cantinho", aquela salinha apertada, quente no verão e muuuuito fria no inverno, que era o setor "reprográfico" (assim chamava a diretora) do Colégio Monteiro Lobato. Ali eu era praticamente a minha própria chefe. Tinha horário fixo, claro, mas ditava meu próprio ritmo de trabalho. Convivia com gente muito bacana e tinha a Adri ali pertinho, pra quebrar qualquer galho que precisasse.
O Sul é meu primeiro estágio em jornalismo. Poder estagiar na minha áerea me deixou bem contente no início. Mas logo aquela rotina maluca de trabalhar à noite e de não estar de folga todos os finais de semana foi me deixando cansada. Melhor, enjoada é a palavra. Então, muito desde o início, eu já tinha marcado data para sair de lá. Coloquei em mente que não renovaria o contrato em dezembro de 2006, pois um ano já parecia tempo suficiente. E o engraçado é que, inconscientemente, eu acabava não criando vínculo com o lugar, nem mesmo com os colegas – a não ser meus colegas de estágio na geral, o Isma e o Skrotzky, que tornavam sempre as noites muito mais divertidas.
Os planos então eram juntar dinheiro e viajar. A princípio, para qualquer lugar. Uma espécie de contrato comigo mesma de que faria uma pausa pra viver, pra curtir. Depois, surgiu a vontade de ir para o Universo Paralello, festival de trance de Ano-Novo na Bahia. E tudo estava absolutamente certo... até outubro. Foi nessa época que um novo tufão passou. Coração, família, grana, demissões de estagiários no jornal. Meu mundo fora do jornal bagunçou-se de uma maneira, que hoje me sinto dependente daquele ambiente, daquela rotina que me livra do pensar no "lá fora". A viagem pra Bahia acabou não acontecendo, renovei contrato por mais seis meses e, por mais que eu saiba que o ideal agora era sair de lá e partir pra outro rumo, sinto que sentiria uma falta imensa.
Bom, a única certeza que tenho agora é que preciso lutar um pouco contra essa minha tendência de acomodação. Que alguma luz surja nos próximos dias!

2 comments:

Bia said...

Tu viu que os nosso blogs sao gêmeos? :)))

Tô morrendo de saudades de ti, guria. Feliz ano novo, tudo de bom! E, sim, TEMOS que nos encontrar assim que eu voltar.

Beijao

::Pensamentos Efêmeros:: said...

Ah... A gente se incomodava mas se divertia, fala sério.
Mas é um trabalho como outro qualquer. Tu tá ganhando tua grana e ponto. Eu também estaria acomodado se não fosse minha demissão.
Quando eu tava no jornal eu tentava colocar na minha cabeça que eu era muito novo pra me encher o saco do trabalho, que eu devia esperar ter uns 60 anos pra fazer isso. Mas foi em vão.

Pelo menos n'O Sul eu não me sentia o cara incompetente e completamente inútil que eu sou hoje. Dava pra enganar direitinho, não dava?

Bjão!